Ainda não nos recuperamos do luto vivido com a tragédia do Museu Nacional e nos deparamos com mais uma parcela de valor inestimável da memória do cinema brasileiro consumido pelas chamas, na tarde de ontem, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
De que adianta dizer que temos o quinto maior museu do mundo, a oitava maior biblioteca do mundo, a quinta maior cinemateca do mundo, se todas as instituições culturais brasileiras vivem à mercê da possibilidade de um sinistro, como um incêndio devastador como o que destruiu o MAM, na madrugada de 9 de julho de 1978, o Museu da Língua Portuguesa em dezembro de 2015, o Museu Nacional na tarde de um domingo, em 2 de setembro de 2018 e o Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas , mais recentemente? O patrimônio cultural brasileiro, museológico, arquivístico e biblioteconômico, vive à mercê do risco. Os relatórios produzidos pelos profissionais que trabalham nessas instituições estão repletos de alertas, de propostas para a manutenção adequada desses acervos e não são considerados ou respeitados.
Segundo a Constituição Federal, o patrimônio histórico e artístico de um povo faz parte do meio ambiente cultural, e é função do Ministério Público cuidar para que ele seja preservado, pois é essencial para a formação da identidade cultural do povo.
Já é hora de paramos de conjugar esse verbo: “vamos começar tudo de novo, vamos reconstruir tudo novamente…”. Como reconstruir o que se perde com o fogo e, pela água e o mais trágico, pelo descaso?
Até quando?
Nossa solidariedade à toda a equipe da Cinemateca Brasileira e apelamos com veemência ao Ministério Público Federal que cumpra com sua função de cobrar dos responsáveis por mais este desastre para cultura da sociedade brasileira.